Em 2020, Luiz Eduardo Rodrigues viu seu sonho de entrar na faculdade adiado. Ele não tinha documento de identidade e esperava que sua escola o ajudasse nisso. Mas a pandemia de covid-19 fechou as escolas e atrapalhou seus planos de consegui-lo. Sem a identificação oficial, não poderia fazer a prova.
No ano passado, quando criou coragem para tentar de novo, seus planos de cursar jornalismo tiveram que ser adiados mais uma vez. A prova foi aplicada em um local longe de sua casa, no centro da cidade, e ele chegou tarde demais, pois a prova foi na zonal sul. Sua tentativa de fazer o Enem foi frustrada por um portão fechado.
O candidato Luiz Eduardo Rodrigues e sua mãe, Ana Cristina da Silva, chegam para primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, na Universidade Estácio de Sá, no centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Neste ano, ele resolveu não correr mais riscos e chegou uma hora e meia antes da prova no local, ajudado pelo fato de o exame ser aplicado perto de sua casa.
“Ano passado, fiz um curso que oferecia aulas gratuitas online, mas este ano eu perdi o período de inscrição. Então estudei por vídeos de YouTube mesmo”, conta o candidato.
Para garantir que ele chegasse na hora e entrasse no local da prova, sua mãe, a manicure Ana Cristina da Silva, fez questão de escoltá-lo até lá. “Eu vim trazer para garantir que ele vai fazer a prova”.
José Paulo Tavares tentou seu primeiro Enem em 2023. Conseguiu chegar na hora da prova, mas sua nota não foi suficiente para garantir seu ingresso uma universidade.
O candidato José Paulo Tavares chega para primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, na Universidade Estácio de Sá, no centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Desta vez, em sua segunda tentativa, resolveu se preparar melhor e, para garantir seu sucesso, vestiu-se com uma camisa do clube Vasco da Gama. “É para dar sorte”, contou o candidato.
“Dessa vez eu estou mais tranquilo, mais preparado. Mesmo trabalhando, consegui adequar minha rotina e estudar. Claro que pude contar com o suporte dos meus pais”, complementou o jovem, que pretende cursar educação física.
Ana Julia Prone chega para o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, no Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Ana Julia Salomão já está em seu terceiro Enem. Na segunda tentativa, há seis anos, conseguiu entrar na faculdade de medicina veterinária. Mas mesmo antes de concluir o curso, descobriu que sua vocação é cuidar da saúde dos humanos em vez dos pets.
“Estou igual a uma louca, trabalhando, estudando para a faculdade e me preparando para o Enem. Mas deu tudo certo. Consegui trabalhar, estudar e ainda ser mãe”.
Em seu segundo Enem, Juliana Monteiro conta apenas com sua bagagem educacional do ensino médio, concluído dois anos atrás, uma vez que não conseguiu se preparar para o exame deste ano.
“Ano passado, eu não estava me sentindo bem e larguei a prova no meio. E, aí, eu vou tentar de novo. Quero fazer letras e pretendo fazer a prova até o fim”.
Novatos
William Gabriel Lopes chega para o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, no Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Com a ajuda de um curso preparatório gratuito, o estudante do 3º ano do ensino médio da rede estadual fluminense William Gabriel fará seu primeiro Enem. “Estou ansioso. Me preparei, mas não sei qual matéria vai cair”, conta o jovem, que espera conseguir nota para estudar filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Outra estreante é Camile da Hora, que também cursa o 3º ano do ensino médio. “Eu não crio muitas expectativas porque é a primeira vez que estou fazendo o Enem. Vai ser meio que uma experiência, mas estudei e tenho uma boa base de estudo”, afirmou.
Camile da Hora chega para primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, na Universidade Estácio de Sá, no centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Além do Rio de Janeiro, outros mais de 1.700 municípios terão aplicação da prova.
A estudante do 3º ano do ensino médio de uma escola de Ubatuba, no litoral norte paulista, Nathalie Lopes de Oliveira não é exatamente uma estreante.
“Fiz a prova no ano passado, como uma experiência, mas não fui bem porque não me preparei. Este ano estou estudando todos os dias [úteis] da semana e, nos sábados, treino redação”, disse a estudante, que pretende cursar medicina.